10 de julho de 2011

César Paes e Raymond Rajaonarivelo - Mahaleo (2005)

Madagascar | César Paes e Raymond Rajaonarivelo | 2005 | Documentário/Musical | IMDB 
Malgaxe/Francês | Legenda: Português/Francês/Alemão/Inglês
1h 37min | 1,345 Gb

 Mahaleo
Em Malgaxe "Mahaleo" significa liberdade, independência e autonomia. Os sete músicos do grupo Mahaleo sempre recusaram o "show-business" apesar dos seus trinta anos de sucesso. Eles se dedicam ao desenvolvimento do país. Esses inventores do Blues Malgaxe são também cirurgiões, médico, agricultor, sociólogos ou deputado... Acredita-se que as canções dos Mahaleo levaram o povo a fazer a revolução de 1972 que levou à queda do regime neo-colonial. Hoje, eles continuam a intervir, sendo a banda mais famosa da ilha do Madagáscar. Guiado pela força e pela emoção das canções do grupo, o filme é um retrato de Madagascar hoje. (de www.mahaleo.com)

 







Entrevista com César Paes
Cesar Paes: “O audiovisual é a forma de cada país se ver a si próprio" (Fonte)
11 Novembro 2006
 
Após ter sido director de fotografia do filme “Batuque”, realizado pelo cabo-verdiano Júlio Silvão, o brasileiro Cesar Paes voltou recentemente ao arquipélago. No âmbito do Oiá - Mostra Internacional de Cinema Documental, o realizador deu uma oficina de documentário, no Mindelo, e depois apresentou na Praia vários dos seus filmes. Juntamente com a mulher, Cesar Paes dirige a produtora francesa Laterit, que se dedica ao lançamento de documentários sobre as culturas dos países em desenvolvimento.

Entrevista por: Vítor Quintã

Qual o balanço que faz desta passagem por Cabo Verde?
Foi muito interessante. Estive uma semana no Mindelo, onde fiz uma oficina de documentário, com dez pessoas. Estavam todas muito entusiasmadas e já com ideias para projectos futuros. Pudémos fazer várias experiências. Além disso, provámos que há público para documentários, porque exibi as minhas três obras e houve sempre muita gente a assistir. O meu período na Praia foi mais curto, mas o público apareceu ainda em maior número para as duas sessões que realizei.

Considera que o entusiasmo que encontrou pode ser um bom sinal para o futuro do cinema cabo-verdiano?
Estas iniciativas e a realização do festival Oiá são um bom começo, mas claro que não são suficientes. Falta muita coisa, porque, por exemplo, não há cinemas em Cabo Verde. Mas além disso é preciso também trabalho legislativo quantos aos direitos de autor, que muitas vezes não são respeitados, e ao mecenato cultural. O audiovisual é a forma de cada país se ver a si próprio, é algo demasiado importante para que Cabo Verde aceite ser apenas importador dos filmes brasileiros e portugueses.

Acha que o documentário pode ser uma aposta nos países mais pobres?
Claro que tanto a ficção como o documentário têm as suas dificuldades. Enquanto na ficção podes fazer as coisas acontecer, no documentário a câmara está humilde, à disposição das pessoas. Mas para os países do Sul, o documentário pode ser mais fácil, porque é sempre sobre coisas que a pessoa conhece. Pode ser sobre a tua cidade, o teu bairro, a tua rua, a tua avó. Além disso, não é preciso uma grande estrutura, um enorme financiamento. Há pessoas que conseguem fazer documentários sozinhas.

Todos os filmes que já realizou foram documentários. É uma escolha pessoal?
Sim, para mim fazer documentários é uma escolha pessoal, porque sinto que a realidade tem mais imaginação que eu. Eu estou sempre a ser surpreendido pelo inesperado e gosto muito de captar as pequenas maravilhas do dia-a-dia. O documentário é como a pintura, pode ser muito realista.

Nos seus dois últimos documentários, “Saudade do Futuro” e “Mahaleo”, a música tem um papel muito importante. É um apaixonado por música?
Sim, eu gosto muito de música e adoro descobrir novos sons. Mas não acho que os meus filmes sejam sobre música, acho que os meus filmes falam através da música. Ou seja, a música serve como narração, como comentário e acaba por abrir o filme a um público mais jovem.

Depois de “Angano... Angano...”, em 1989, voltou a Madagáscar para filmar “Mahaleo” (2005). De onde vem esta ligação ao país?
A minha relação com Madagáscar vem do coração, porque a minha mulher, Marie-Clemence, que é também a minha produtora, nasceu lá. Estamos entre dois continentes, porque já fizemos filmes sobre África e sobre o Brasil. Aliás, eu costumo dizer que é por isso que vivemos em França, porque fica a meio caminho entre o Brasil e Madagáscar. (risos)

Qual é a importância da sua mulher nos filmes que tem realizado?

Muita, claro, porque na verdade os nossos filmes são pensados e feitos em conjunto. A divisão entre produtora e realizador é uma separação de funções que serve mais para o exterior. Ela está sempre ao meu lado enquanto filmo, chamando a minha atenção para o que se passa do outro lado, para onde a câmara não está a olhar. E depois, na parte mais delicada, a montagem, onde o filme realmente se escreve, nós discutimos muito e às vezes passamos dias empancados, à procura não de uma solução de compromisso, mas sim de algo que realmente melhore o filme.

Como encara o sucesso dos filmes da sua produtora, a Laterit?
Temos tido sorte com os filmes que produzimos, porque têm sido vistos. Mas também penso que os nossos filmes têm um conteúdo universal, com que as pessoas se podem identificar em muitos países do mundo. Porque há muitos países em que a vida também é difícil, em que a água também é um recurso precioso, mas onde a cultura é muito forte.

Este foi um regresso a Cabo Verde, depois de ter sido director de fotografia no filme de Júlio Silvão, “Batuque”. Tem planos para voltar novamente ao arquipélago?
Claro que gostaria de poder voltar para fazer uma outra oficina, talvez sobre um outro aspecto da produção. Além disso, já há algum tempo que penso em fazer um filme que falasse através da música cabo-verdiana. Mas ainda me falta encontrar um ângulo, um ponto de vista.
 Por favor, semeie! Semear é muito importante para que outras pessoas tenham acesso ao filme.
Créditos da postagem a mfcorrea, no MakingOff.

3 comentários:

Dhanny disse...

Boa tarde!!
penso que a legenda que está nesse filme não é língua portuguesa. Já abri o filme várias vezes mas sempre vem com a mesma legenda.

Daniel disse...

Olá! A legenda deste filme não é em português, como comentou a colega acima. Onde encontro as legendas em português? Grato.

Daniel disse...

Olá! Encontrei as legendas em português disponíveis no Making Off.