31 de março de 2011

Ousmane Sembène - Ceddo (1977)

 
Senegal | Ousmane Sembène | 1977 | Drama | IMDB
Wolof
| Legenda: Português/Francês (hardsub)/Inglês/Espanhol/Galício
120 min | XivD 
640 x 384MPEG1/2 L3 85 kb/s | 25.000 fps 
1,367 GB 
 
Ceddo
Crônica dramática sobre as disputas políticas e religiosas em uma aldeia africana, em um contexto em que convivem mercadores de escravos europeus, uma elite recém convertida ao Islamismo e parte da população local resistente à conversão (os Ceddo). A situação é agravada com o sequestro da filha do chefe, a princesa Dior.

"Ceddo is not a tribe, it is a state of mind." -- Ousmane Sembène

Vencedor do Berlin International Film Festival de 1977 (Interfilm Award).

 

Crítica, por Serge Daney

Na edição 304 da Cahiers du cinéma (outubro de 1979, p. 53), o crítico Serge Daney publicou uma crítica sobre Ceddo (1977). O texto foi republicado em A rampa (Cosac Naify, 2007), com visualização disponível no Google books:clique aqui.
(Fonte: retrovisor.
)


Entrevista com Sembene sobre o filme
Josie Fanon: Qual o sentido da palavra "Ceddo"?

Ousmane Sembene: Aqueles que atualmente são chamados Ceddo não são um grupo étnico. É uma palavra Pulaar (dialeto senegalês) que designa, de uma maneira ou de outra, aqueles que resistiram à escravidão. Ela significa aqueles que "conservam a tradição”. Os Ceddo são “o povo da resistência”.

JF: Seu filme me pareceu exatamente isso: resistência, rejeição ao Islamismo, uma descrição dos aspectos negativos da penetração do islamismo no oeste da África. Você não acha que Ceddo pode ser interpretado dessa maneira, especialmente nos países mulçumanos da África?

OS: Isso sugeriria que o filme foi mal-interpretado ou que eu me expressei insuficientemente. Ele não é essencialmente sobre o Islamismo, mas sobre seu uso nas sociedades tradicionais. Se eu quisesse fazer uma crítica ao Islamismo, eu teria focado nos versos do Alcorão. Eu nunca faria isso. Nós precisamos de coragem para enxergar as coisas de frente. Nesse momento nós vemos os líderes dos estados africanos brincando com a religião. Devemos ter coragem, em um estado laico, para determinar limites aos líderes espirituais. Meu medo mais profundo é que podemos cair nas mãos de um poder de direita que usa a religião.

JF: Em duas ocasiões um personagem do filme afirma que nenhuma fé não vale a vida de um homem.

OS: Eu disse e repito: nenhuma fé vale a vida de um homem. Nem Alá nem Deus valem a vida de um homem. Para mim, todas as religiões são de direita.

JF: O personagem do padre católico em Ceddo parece ser privilegiado quando comparado ao líder mulçumano. Isso pode significar que você prefere a religião católica ao Islamismo. Foi essa a sua intenção?

OS: Essa é uma interpretação subjetiva, superficial e errada do personagem do padre católico. Eu não fiz um filme sobre a religião católica. Isso não é problema meu nem do Senegal ou da África Ocidental. No filme, o padre está lá ao lado dos negociadores de armas. Eu quis mostrar a existência de três forças: o Islamismo, a Religião Católica e os Comerciantes. Duas religiões, das quais o Islamismo é a que mais tem penetração. Além disso, em Ceddo, a morte do líder muçulmano não determina o fim do Islamismo. Pelo contrário, o padre tem uma visão de uma igreja negra, mas seu sonho não vira realidade. Nós facilitamos a morte da religião católica e o crescimento do islamismo. Mais uma vez, a religião católica não é o nosso problema. E o islamismo enquanto religião não é o responsável.
A última imagem fo filme, quando a princesa Dior, depois da morte do líder muçulmano, passa no meio dos discípulos, indica obviamente uma continuidade dessa religião. O que está em questão é o abuso do Islamismo na África Ocidental num certo período.

JF: O que a princesa Dior representa? No final do filme, quando mata o líder muçulmano, ela simboliza a revolta popular, mas em outros momentos ela parece ser uma personagem passiva.

OS: Não, ela não é uma pessoa passiva. Ela é o reflexo de sua educação. E é confiante da sua posição, seu papel, mas ela pode mudar ao longo do tempo. É necessário evitar cair no erro de acreditar que as pessoas não podem mudar. O personagem da princesa Dior também representa os tempos modernos. A liberação da África não seria feita sem mulheres. Mas isso não significa que a participação da mulher durante a revolução equivale a disparar um tiro e depois voltar à cozinha. A última cena do filme também mostra que, seja qual for o sistema ou o poder, as mulheres irão persistir.

JF: Dos sete filmes de sua obra cinematográfica, Ceddo parece ser algo diferente. Ele corresponde a uma nova pesquisa?

OS: Eu gosto muito do que fiz nesse filme. Sem ser pretensioso, eu diria que o roteiro corresponde ao que eu queria fazer: despir a África dessas estruturas pelas quais ela está cercada, as plantas, as bananas, as mangas. Tentando, se isso é possível, mostrar o coração do homem, o cerne com suas contradições para que o filme possa ser usado como um recurso de reflexão, ou uma introdução para pensar sobre nós mesmos, no que fizemos, no que nós queremos fazer. Reflexão e não crítica gratuita, porque nós somos responsáveis pelo passado, pelas coisas boas assim como pelas coisas ruins. Nós também somos responsáveis pela presença neocolonial em nosso país. Os traficantes de armas ainda são os mesmos. Formalmente, nossas terras foram ocupadas, mas ao menos nós mantivemos nossas tradições. Hoje, eles ainda nos exploram conomicamente, mas também nos colonizam culturalmente em nossas casas, com a televisão, o cinema, com a impressa ocidental.


Trecho originalmente publicado em Ousmane Sembène: interviews / edited by Annett Busch and Max Annas, University Press of Mississipi, 2008.
Reproduzido aqui.
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2 comentários:

Nelson L. Rodrigues disse...

Brilhante iniciativa!Parabéns.

Anônimo disse...

Ceddo é um excelente filme. Graças a este blog soube da existência desse filme brilhante! Obrigado e parabéns!